Biografia

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Aos 4 de dezembro de 1937, na Rua Joaquim Nabuco, no Recife, nascia Francisco Villa- Chan Neto, o 2º filho do casal Hedelazir e Francisco Telles Villa-Chan.

Desde pequeno, algumas características de sua personalidade foram bem marcantes. Era introvertido, de poucas palavras, mas sempre observava tudo que o rodeava, especialmente a natureza.

Quando menino, era muito voluntarioso, recebendo por isso muitas reprimendas e castigos que não o faziam modificar seus pensamentos primeiros.

Nos estudos, tinha grande dificuldade de se concentrar nas aulas pelas quais não se interessava, ficando a apreciar pela janela o que ocorria externamente: as árvores, ruídos, movimentação nas casas vizinhas. Prestava atenção em tudo menos no que o professor falava. Somente conseguia participar realmente das aulas de desenho e canto.

Gostava mesmo de se dedicar aos trabalhos manuais, artesanais, principalmente em madeira, e de desenhar figuras de revistas e jornais, procurando testar sua habilidade, ficando horas seguidas a desenhar com verdadeiro prazer.

Seus pais percebendo nele o talento, que achavam eles, teria herdado de seu bisavô, o paisagista Telles Júnior, o encaminharam para ter aulas de desenho e pintura com Raquel Telles, pintora e poetisa, filha de Telles Júnior, até que a mesma disse que não tinha mais nada a lhe ensinar.

Muito senhor de si, com suas opiniões próprias sobre relacionamento humano, na adolescência não cedia aos apelos de familiares e amigos para que frequentasse festinhas e bailes da época, preferindo ficar em casa, onde tinha seu espaço, uma pequena sala que lhe fora reservada para poder dedicar-se à realização de seus primeiros trabalhos em pintura, procurando sempre firmar sua tendência nas artes plásticas.

Em 1956, com 18 anos, teve oportunidade de ir para a Europa onde passou 6 meses visitando galerias e museus de vários países. Durante esse período pintava paisagens e numa dessas ocasiões, ficou angustiado por não estar totalmente satisfeito com o apanhado, recolheu seu cavalete que estava sobre a ponte romana, quebrou os pincéis lançando-os ao rio. Este acontecimento, porém, não impediu que sua verdadeira vocação triunfasse sobre o desespero momentâneo, e continuasse pintando com novos pincéis e maior determinação para conseguir transferir para as telas exatamente o que sentia.

Nessa ida à Europa, durante a travessia do Atlântico, conheceu aquela que seria sua esposa, então com 14 anos e com quem se casaria 6 anos depois, tendo 5 filhos.

Frequentou por 2 anos a Escola de Belas Artes (E.B.A.), ocasião em que, convidando um de seus professores, Lula Cardoso Ayres, para avaliar seus trabalhos em seu atelier, o mesmo disse que diante do que estava observando não via necessidade de ele permanecer frequentando as aulas, pois percebia que já tinha uma boa bagagem, devendo continuar o que estava fazendo, paisagens e já enveredando para a arte abstrata, o que considerou na época, arriscado e precoce, mas válido.

Continuou por mais um tempo na E.B.A para usufruir do convívio com os mestres, Vicente e Fédora do Rego Monteiro, Fernando Barreto e o próprio Lula Cardoso Ayres. Conviveu também com Mário Nunes e Baltazar da Câmara apesar de não ter aulas com os mesmos.

Após 3 anos de sua volta ao Brasil, realizou sua primeira exposição individual com 22 composições abstratas, utilizando várias técnicas consideradas de vanguarda para a época, causando surpresa aos críticos de arte que o conheciam como paisagista e apresentava então uma pintura abstrata. Desde então abstracionismo, considerado por ele como paisagem vinda de seu interior, sempre esteve presente ao lado do paisagismo.

Sente prazer em lidar com as cores vibrantes e texturadas e em usar diversos materiais para conseguir efeitos inusitados.

Desejando constituir família e vendo que só com sua arte não poderia sustentá-la, procura outros meios de conseguir, trabalhando como representante de tecidos, máquinas, materiais de construção, administração de empresas e durante 13 anos na Joalheria Ao Anel de Ouro, como sócio. Durante esse período nunca deixou de pintar nas horas disponíveis.

Em 1982 volta a expor frequentemente, pintando, como sempre, somente o que queria e gostava de fazer.

Seu relacionamento com o comércio de jóias, que não o agradava comercialmente, artisticamente foi proveitoso, pois despertou o desejo de desenhar jóias. Realizava assim sua 1ª exposição de jóias, em 1984, usando couro rústico trançado com ouro, prata e pedras semipreciosas, denominadas linha “Courart”, muito originais e apreciadas.

Outro atributo do artista é a musicalidade. Começa a estudar canto depois dos 40 anos, participando de vários corais do Recife como o Coral Brasil Espanha, Via Voz e Mokiti Okada.

Visitando o Sertão e seu povo, sentiu aflorar de seu interior o sentimento há muito ali existente, originado por ouvir as músicas de Luiz Gonzaga desde a adolescência. Surge então a inspiração que resultou não só na criação de diversas músicas e letras, gravando 2 CD´s, mas também na 10ª exposição individual e inauguração de seu atelier galeria em Caxangá, às margens do Rio Capibaribe.

Reside hoje ao lado do atelier, no seu pequeno "paraíso", em contato constante com elementos da natureza sempre tão amada por ele.Orquídeas, cactos trazidos do "SEU" sertão(assim chamado por ele, ainda que lá não tenha nascido), pássaros, flores, árvores e as águas do Capibaribe, tantas vezes fontes de inspiração para suas obras.